sábado, 18 de julho de 2015

Por Mary Leal.

Olá pessoal.

Hoje, li uma frase interessante e resolvi trazê-la para o nosso Camaleão Letrado e juntos observarmos a diferença aparentemente sutil, mas que na verdade, é marcante na nossa linda Língua Portuguesa.

Observe:

"Trague" um vinho lá da sua adega para mim.

O autor dessa frase decerto não tinha conhecimento da diferença do verbo "Tragar" e do verbo "Trazer" no Modo Imperativo Afirmativo. Da maneira que o verbo se apresentou na frase, acabou dando uma ideia de que o dono do vinho ia tragá-lo e não trazê-lo para o amigo.

Veja as diferenças entre esses dois verbos:

  • v. Tragar =   beber, engolir avidamente, devorar, comer rapidamente, absorver, acreditar em algo, crer, suportar, tolerar (uma pessoa ou comportamento), fazer entrar nos pulmões a fumaça aspirada, etc. 
Exemplos: 
  1. Não conseguiu tragar aquela história. (Não conseguiu acreditar naquela história).
  2. Na verdade, nunca tragou o marido. (Na verdade, nunca suportou/tolerou o marido).
  3. O temporal tragava o pequeno barco perante o olhar espantado de todos. (O temporal engolia o pequeno barco perante o olhar espantado de todos).
  4. Tentou fumar sem tragar. (Tentou fumar sem fazer a fumaça entrar nos pulmões). 
Portanto, a forma imperativa da frase gerou uma ideia diferente da intenção de quem a escreveu. Será que a intenção era que a pessoa (dona do vinho), o bebesse em casa e não o levasse para o amigo? Ou será que o autor da frase tinha a intenção de dizer: "traga" um vinho lá da sua adega pra mim, mas por não ter conhecimento da conjugação de um verbo e de outro, acabou tornando a frase incoerente? 

Vamos observar o verbo Trazer, segundo o dicionário Aulete Digital : 
  • v. Trazer =  transportar para cá, ao vir, fazer-se acompanhar de, dar, oferecer, usar, portar, causar, ocasionar.  
  Exemplos:

  1. Tragam todas as caixas para esse lado da sala. (Transportem todas as caixas para esse lado da sala).
  2. João trouxe toda a família. (João veio acompanhado de toda a família). 
  3. Ana trouxe um lindo tecido para a mãe. (Ana deu/ofereceu um lindo tecido para a mãe).
  4. Ana trazia um lindo tecido nos braços. (Ana portava/carregava um lindo tecido nos braços).
Acima, vimos os exemplos e pudemos observar os diferentes significados entre os verbos "Tragar"e "Trazer". Agora, vamos conjugar os dois verbos no Modo Imperativo Afirmativo: 

Verbo Tragar no Imperativo Afirmativo: 
traga tu
trague você (ele/ela)
traguemos nós 
tragai vós 
traguem vocês (eles/elas)


Verbo Trazer no Imperativo Afirmativo: 
traz(e) tu
traga você (ele/ela)
tragamos nós
trazei vós
tragam vocês (eles/elas) 

Conclusão: 

O autor da frase deveria ter usado o verbo trazer na forma - "Traga um vinho lá da sua adega para mim". Dessa maneira, teria utilizado o verbo Trazer no Modo Imperativo Afirmativo e  sua  intenção ficaria explícita sem deixar nenhuma dúvida para o leitor. Ao escrevermos algo, temos que tomar cuidado para que a nossa intenção esteja clara e não produza dúvida na cabeça do leitor. 

Nota:  
  • A construção do Modo Imperativo Afirmativo não é tarefa fácil, mas há uma "fórmula" para que isso se torne possível. Da próxima vez, falo como isso acontece, tá? 
Bom domingo pra você. 


sexta-feira, 12 de junho de 2015

ENTENDENDO A DIFERENÇA ENTRE LINGUAGEM INFORMAL OU COLOQUIAL E LINGUAGEM FORMAL OU NORMA CULTA:

Assista a essa vídeo aula e observe a diferença de vocabulário utilizado em várias situações.

https://www.youtube.com/watch?v=Oe8CqWzBfi0

Um professor em formação deve ter cautela ao se expressar?

Vejo que há uma certa confusão, no que diz respeito à forma adequada de expressão de um professor em formação (aluno do curso de Letras). No ambiente acadêmico, temos sim, que ter cautela quando estivermos nos apresentando para o professor (avaliador) e para os nossos colegas de turma. Há de se ter vocabulário adequado e conhecimento da norma culta, pois estamos num local diferenciado e não entre amigos. Até são nossos amigos, mas acima de tudo, são colegas da nossa futura profissão. Sendo assim, expressões como: a gente somos, a gente estamos, a gente vamos mostrar agora, esses é, esses foi, etc., devem ser evitadas. Afinal, temos a responsabilidade e missão de porta- vozes da língua e se estamos sob avaliação, devemos refletir antes de falar. As expressões acima citadas, além de não estarem de acordo com a norma culta, estão em discordância com a linguagem coloquial (aquela que podemos utilizar, mas que ainda assim, tem suas regras de concordância). Ou seja: a gente é, a gente está, a gente vai mostrar agora, esses sãoesses foram. Mas, como ressaltei acima, o mais adequado em situações de maior formalidade como é o caso de um seminário, apresentação, avaliação de oralidade, etc., é utilizar a forma de maior prestígio (norma culta): nós somos, nós estamos, nós vamos mostrar agora, esses são, esses foram, etc. 
Fica a dica. 

Um bom dia de sexta para todos.            









quarta-feira, 10 de junho de 2015




Esse blog tem o objetivo de auxiliar aos professores em formação do curso de Letras, no que diz respeito ao uso adequado da norma culta e da linguagem coloquial. 

  • O que é ser um camaleão letrado? 
  • Como e em quais situações devo ser um camaleão letrado?